"Arte Contemporânea"
Tipo, ai eu sou tão culto
A moça que teve a ideia assegura, pimpona, que fez da sua cama uma obra de arte. E para que disso o gentio não duvide, fez-se um leilão na Christie's e o desarranjo foi arrematado por 2 milhões de euros
A bizarria do que se chama “arte contemporânea”, sendo um caso básico de oportunismo rasteiro e ausência absoluta de critérios científicos, estéticos e filosóficos, parece ser um caminho fácil para lavagem de dinheiro.Já se reparou que não há ladrão que roube uma “obra de arte” daquelas? Quem é que quereria um penico fora do contexto museológico? Quem poderá ter interesse nos “pentelhos” deixados no lençol pela menina Tracey?
Os “artistas da arte contemporânea” não precisam de estudar, não precisam de evoluir nos saberes, é indiferente se são movidos por alguma sensibilidade estética. Desde que tenham o contacto certo, a influência exacta, o curador (palavra pateta do seguidismo irracional anglófilo) ideal, o êxito está assegurado. A máquina de montagem da “arte contemporânea” assegurará uma carreira auspiciosa aos deuses primordiais da inteligência e do fervor intelectual, perante tão deslumbrantes peças de armazém feitas languidamente ao sabor de uma observação superior.
Os pobres olhantes não ousam manifestar o seu desagrado porque logo serão etiquetados de ignorantes (se não percebem, aprendam, dizem-lhes de imediato). A subjectividade, de onde não arredam pé, é o garante de que o truque se manterá de vento-em-popa. Caramba, se isto ou aquilo custa tanto dinheiro, deve haver algum sentido reservado eivado de conhecimentos tamanhos que o melhor é não se dizer nada. Continuar a engolir a patranha de que as artes plásticas “não devem tocar os olhos, mas sim o coração” fará Walter Benjamin dar saltos de corça de repúdio.
O discurso conceptual, bem dirigido e muitoooo explicativo, será sempre o mote elevatório da “arte conceptual”. Não é preciso intuir nada, escusa-se que o gosto de cada um possa ter voz. A ausência de critério artístico só o pode exibir o grupinho em que se congeminam as tramóias modernaças, todas iguais em valor(?) e entediantes da chamada “arte contemporânea”.
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