parte 1 aqui
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parte 2 é para baixo
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Até ao dia 10 de marco, vou reler muitas vezes este magnífico texto de
Alexandre Borges, jornalista açoriano, onde é feito o balanço da
(des)governação socialista de Costa e do tempo perdido com bazófias de um
político incompetentíssimo que não completou nenhum projeto que tenha
prometido:
"Um dia, quando olharmos para trás, será estranho perceber qual foi o
legado de António Costa.
António Costa foi o segundo primeiro-ministro que mais tempo governou no
Portugal democrático. Mais tempo do que Sócrates, mais tempo do que Passos,
muito mais tempo do que Soares. Durante oito anos, não fez uma reforma.
Gabou-se de sentir “calafrios” de cada vez que ouvia a expressão “reformas
estruturais”. Conduziu o governo mais rico dos últimos 50 anos em Portugal,
consequência do reforço das verbas europeias e do contínuo somar de recordes no
arrecadamento fiscal, e não fez nada com o dinheiro. Aumentou o salário mínimo,
mas deixou enterrar o médio; distribuiu esmolas, mas só aumentou o número de
pobres. Cavaco tinha o CCB e as estradas; Guterres a Expo lançada por Cavaco;
Durão os estádios lançados por Guterres; Sócrates as estradas duplicadas e as
eólicas; Costa deixa um buraco aqui e um pasto ali, para o aeroporto que nem
sequer conseguiu decidir onde fazer.
Durante oito anos, somaram-se os desastres. Na Administração Interna,
quando Pedrógão ardeu e o Estado colapsou. Quando nada daquilo alguma vez
voltaria a acontecer e, afinal, aconteceu logo em Outubro. Quando agentes do
SEF mataram à paulada um cidadão estrangeiro e, a seguir, simplesmente, se
desmantelou o SEF. Quando o ministro andou a vender golas antifogo que, afinal,
eram inflamáveis, e acabou a atropelar um homem na auto-estrada e nem saiu do
carro. Quando Costa segurou esse ministro contra tudo e todos – até alguém lhe
dizer que ia perder as eleições se não o deixasse cair. Porque, durante oito
anos, a única coisa que pareceu importar a António Costa foi isto: o poder.
Para fazer o quê? Ninguém sabe. Ninguém viu.
Na Defesa, foi o pior ataque. Do embaraçoso roubo das armas de Tancos ao
escândalo do secretário de Estado envolvido num caso de corrupção, passando
pelos Leopards oferecidos à Ucrânia de que, afinal, só se aproveitavam três e
pelo navio da Marinha em que os próprios militares se recusaram a embarcar e
que acabaria a avariar em plena missão, meia dúzia de dias depois. Nas infra-estruturas,
tivemos ministros e adjuntos à pancada. Na economia, um ministro inútil,
desmentido pelos seus próprios secretários de Estado.
Durante oito anos, António Costa criou os maiores governos de sempre, entre
pastas que não existiram – Economia, Ciência, Cultura, Planeamento, Coesão
Territorial (o que quer que isso seja), e outras cujos titulares chegam ao fim
envoltos nas maiores suspeitas – Finanças, Infra-estruturas, Negócios
Estrangeiros. Oito anos em que a única coisa que cresceu foi o PS e os seus
tentáculos, estendendo-se ainda mais pelas empresas públicas, pelos órgãos
reguladores, por tudo o que mexe, e onde tudo, cada vez mais, em Portugal,
depende de uma só coisa: a fidelidade a quem seja, circunstancialmente, líder
do Partido Socialista.
Durante oito anos, António Costa tentou, acima de tudo, ser ambíguo. Que as
suas palavras pudessem querer dizer o máximo de coisas possíveis, de maneira a
nunca se comprometer com nada. Nas vezes em que arriscou não o fazer, foi o
fracasso absoluto: nos médicos de família que todos os portugueses iam ter e
cada vez menos têm; nos milhares de casas que se ia construir e que nunca
saíram da imaginação sabe-se lá de quem. A TAP foi o símbolo do seu reinado:
comprou-a de volta para a voltar a vender e nem isso conseguiu levar até ao
fim. Pelo caminho, fez o país gastar milhares de milhões de euros e, o que
ainda é pior, anos de vida. Para absolutamente nada.
Mas o mais estranho, o mais inexplicável, foi a bazófia. Durante oito anos,
António Costa deixou acumular o que tentou desvalorizar como “casos e
casinhos”. Incompetências, mentiras, acusações de corrupção dentro do seu
governo, entre pessoas cada vez mais próximas do seu círculo. Se, a princípio,
ainda tentou manter a uma distância de segurança a tralha socrática, a dado
momento chamou-a, como agora se vê, para dentro do seu próprio gabinete. E
apesar de tudo, de todos os avisos, de todo o histórico, continuou a cantar de
galo, cada vez mais alto, cada vez mais arrogante, de forma cada vez mais
gratuita, por pura e simples exibição da mesma coisa: o poder.
Na semana passada, tentou achincalhar o Presidente, a oposição, o regime,
colocando o ministro cuja cabeça há tanto tempo Marcelo pedira a encerrar o
debate do Orçamento – e a dar-se ao cinismo supremo de citar essa mesma “sua
excelência” Marcelo. Parecia ter tudo sob controlo – mais sob controlo do que
nunca. Para cair, afinal, descontroladamente e sem aviso, uma semana depois.
Fica, ao menos, uma declaração digna na demissão, e uma das poucas sem
ambiguidades que alguma vez logrou fazer.
Oito anos volvidos, deixa Portugal ainda mais dependente dos fundos
europeus e os portugueses ainda mais dependentes do Estado. Um Estado que fez
engordar de novo para números-recorde e que, no entanto, está mais incapaz do
que nunca de cumprir sequer as suas funções essenciais: na Saúde, na Educação,
na Defesa, na Justiça. Não conseguiu vender a TAP, não fez o novo aeroporto,
não lançou a alta velocidade, não estancou a emigração, afastou investimento,
agravou, drasticamente, os problemas no SNS e na habitação.
Nas escolas, os alunos não têm professores e os professores não têm
habilitações. Nos hospitais, falta tudo, dos instrumentos mais básicos aos
próprios médicos. Na habitação, chegámos ao triste ponto em que um ordenado
médio no país não chega sequer para pagar a renda de um apartamento exíguo na
capital. António Costa deixa uma economia que se alimenta de duas coisas:
turismo e impostos; uma, volátil; a outra, canibal. Sai na semana em que o
Presidente do Supremo Tribunal declarou que a corrupção está instalada no país
e a crescer, e no mês que o responsável máximo pelo SNS anunciou como “o pior
da História”. Não são exageros da imprensa nem da oposição; são os factos.
Para isto, derrubou o líder do seu partido em pleno mandato. Não por
questões ideológicas, não por uma divergência de visão para o país, mas porque
ganhava por poucos, por “poucochinho”. Para isto, provocou um terramoto na
política portuguesa, impedindo, pela primeira vez, que fossem os partidos mais
votados pelo povo a formar governo. E com isso deixou aquele que se arrisca a
ser o seu verdadeiro legado: a fragmentação da direita e o quase
desaparecimento da esquerda. Em suma, o vazio. O desfecho inevitável para um
homem cujo grande desígnio para o país, resta agora evidente, era deixá-lo
absolutamente na mesma."
E ainda existe quem vote nestes vigaristas que só destroem Portugal!!