SINISTRALIDADE RODOVIÁRIA
Burlas com “kamikazes” são nova preocupação das seguradoras
As seguradoras portuguesas perdem milhões de euros em sinistros simulados. Uma das fraudes, com uma rede altamente profissionalizada, usa condutores apelidados de "kamikazes".
30 milhões de euros. O número quantifica o que as companhias de seguros portuguesas perdem todos os anos, vítimas de sinistros simulados nos ramos automóvel e multirriscos, escreve o Jornal de Notícias na edição impressa desta segunda-feira. As fraudes predominam nas classes mais favorecidas, sendo que é no ramo automóvel que estas assumem maior expressão financeira: só em 2015, o setor apresentou um volume de negócios na ordem dos 1,4 mil milhões de euros.
A criatividade de quem simula acidentes rodoviários é cada vez mais um desafio para os peritos seguradores e para as autoridades, explica o jornal. Exemplo disso é a fraude em que, com mais de meia centena de intervenientes, os condutores são apelidados de “kamikazes”, numa clara alusão aos pilotos japoneses suicidas durante a II Guerra Mundial. Este processo implica a compra de salvados (veículos já acidentados e irrecuperáveis) no estrangeiro ou o furto de carros para, depois, se alterar os seus elementos identificativos.
Existem precisamente redes profissionalizadas — com direito a cabecilha, stands, oficinas e centros de inspeção, sem esquecer os próprios operacionais — que têm ao seu serviço estes “kamikazes”, que têm como função simular acidentes. Os “kamikazes” podem ganhar até 2 mil euros por sinistro.
“Para provocarem sinistros, pagam a ‘kamikazes’. Pessoas que, usando equipamento de proteção dos motociclistas, como blusão, luvas e capecete, não hesitam em lançar-se de carro contra paredes e muros, ou por ribanceiras, para enganar as seguradoras. Não raras vezes, acabam por sair com ferimentos”, diz Manuel Castro, membro do Conselho Diretivo e presidente do Colégio Automóvel da CNPR, citado pelo Jornal da Notícias.