A 'missão de salvamento' à Farfetch em três perguntas e respostas
Quem é a Coupang? Quanto vai injetar na Farfetch? Fique a par dos contornos deste negócio, que permitiu dar um 'balão de oxigénio' ao primeiro unicórnio português.
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ECONOMIA FARFETCH
AFarfetch conseguiu, na segunda-feira, um acordo que a salva da falência, tendo ganhado um 'balão de oxigénio' numa altura em que a falência parecia ser o único caminho. Afinal, o que aconteceu? Como foi feita esta 'missão de salvamento'?
1. Coupang quer comprar Farfetch. Quanto vai injetar?
A empresa sul-coreana Coupang quer comprar a Farfetch e prevê injetar 500 milhões de dólares (cerca de 458 milhões de euros à taxa de câmbio atual), segundo um comunicado.
O grupo anunciou um acordo para a compra da plataforma de venda de marcas de luxo fundada em 2008 por José Neves, considerando que a aquisição da Farfetch o posicionará como líder do mercado global do segmento de bens de luxo pessoais (que diz valer 400 mil milhões dólares) e que dará à Farfetch uma posição única na Coreia do Sul (que, segundo a Coupang, é o país do mundo com a mais elevada despesa 'per capita' em bens de luxo pessoais).
"A Farfetch é um marco no panorama do luxo e tem sido uma força transformadora demonstrando que o luxo 'online' é o futuro do retalho de luxo", disse o fundador e presidente executivo da empresa, Bom Kim, citado no comunicado.
Citado no mesmo comunicado, José Neves elogiou o acordo, referindo que o "histórico e a profunda experiência da Coupang" permitirá à Farfetch continuar a oferecer um "serviço excecional" às marcas e boutiques parceiras e aos clientes em todo o mundo.
2. Quem é a Coupang? E a Farfetch?
Ainda segundo o comunicado, a Coupang é um retalhista mundial de origem sul-coreana com ações cotadas na bolsa de Nova Iorque (Estados Unidos) e irá comprar a Farfetch em parceria com a firma de investimento Greenoaks.
A Farfetch - plataforma de venda de marcas de luxo fundada em 2008 por José Neves, com sede fiscal em Londres e que foi o primeiro 'unicórnio' português (startup avaliada em mais de mil milhões de euros) - tem vindo a apresentar prejuízos e recentemente a sofrer grandes perdas em bolsa, após dois anos de lucro em 2021 e 2022, em que beneficiou do 'boom' do comércio 'online'.
3. Farfetch tem estado com problemas. O que se passa?
No segundo trimestre deste ano, a Farfetch reportou perdas de 258 milhões de euros (281,3 milhões de dólares), face ao lucro de 62 milhões de euros (67,6 milhões de dólares) do período homólogo, tendo as receitas caído para 526 milhões de euros (572 milhões de dólares, face a 579 milhões no período homólogo) e o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) ajustado do grupo piorado para 28 milhões de euros negativos (30,5 milhões de dólares negativos).
A mais recente apresentação de resultados da Farfetch, relativa ao terceiro trimestre deste ano, estava prevista para 29 de novembro, altura em que se esperavam também novidades ao nível da estratégia e gestão, mas foi desmarcada pela empresa, que remeteu para "devido tempo" uma atualização ao mercado, o que pressionou ainda mais as ações.
Ainda antes de ser conhecido o acordo, já vinha a ser noticiado que a empresa (que estará avaliada em menos de 300 milhões de dólares) poderá vir a fazer uma reestruturação com despedimentos que inicialmente apontava para 800 trabalhadores mas poderia ser alargado para 1.700 ou 2.000 pessoas. Contudo, os planos poderão mudar após o acordo com a Coupang.
Em Portugal tem havido receios de que a situação da empresa possa vir a ameaçar a concretização do projeto imobiliário Fuse Valley, em Leça do Balio, no concelho de Matosinhos, um investimento de 200 milhões de euros partilhado com a construtora bracarense Castro Group.
Leia Também: Sul-coreana Coupang (injeta 500 milhões) para comprar a Farfetch
Sul-coreana Coupang (injeta 500 milhões) para comprar a Farfetch
Acordo garante um financiamento de emergência no valor de 500 milhões de dólares para a retalhista de artigos de luxo.
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ECONOMIA FARFETCH
ACoupang, uma empresa de e-commerce sul-coreana, anunciou esta segunda-feira uma oferta de aquisição pela Farfetch. De acordo com a Business of Fashion, o acordo permite um resgate de 500 milhões de dólares (cerca de 457 milhões de dólares) para a retalhista de artigos de luxo fundada pelo português José Neves.
Este negócio, segundo a mesma publicação, evita que a Farfetch entre em falência.
A informação de que um acordo de resgate estaria em negociações já estava a circular, depois de vários meios de comunicação internacionais terem dado conta de "conversações" em estado avançado neste sentido.
Quinze dias passados desde a data prevista, mas cancelada, para apresentação dos resultados trimestrais, o que alarmou o mercado, fonte oficial da Farfetch avançou na semana passada à agência Lusa não haver ainda dia marcado para divulgação das contas.
Após dois anos de lucro em 2021 e 2022, beneficiando do 'boom' do comércio 'online' durante a pandemia, a plataforma de venda de marcas de luxo fundada em 2008 por José Neves - com sede fiscal em Londres e que foi o primeiro "unicórnio" português ('startup' avaliada em mais de mil milhões de euros) -- voltou aos prejuízos nos últimos quatro trimestres.
No segundo trimestre deste ano, a empresa reportou perdas de 258 milhões de euros (281,3 milhões de dólares), face ao lucro de 62 milhões de euros (67,6 milhões de dólares) do período homólogo, tendo as receitas caído para 526 milhões de euros (572 milhões de dólares, face a 579 milhões no período homólogo) e o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) ajustado do grupo piorado para 28 milhões de euros negativos (30,5 milhões de dólares negativos).
A mais recente apresentação de resultados da Farfetch, relativos ao terceiro trimestre deste ano, estava prevista para o passado dia 29 de novembro, altura em que se esperavam também novidades ao nível da estratégia e gestão, mas foi desmarcada pela empresa, que remeteu para "devido tempo" uma atualização ao mercado.
"A empresa espera fornecer uma atualização de mercado no devido tempo", lê-se numa breve nota então divulgada. "Neste momento, não fornecerá quaisquer previsões ou orientações, e quaisquer previsões ou orientações anteriores não deverão ser consideradas confiáveis", acrescenta.
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da Farfetch não apontou uma nova data para apresentação dos resultados trimestrais, reiterando a posição da empresa de "não fazer comentários".
[Notícia atualizada às 15h13]
Farfetch tenta fechar resgate antes do Natal para evitar insolvência
Há já um comprador, cuja identidade não é ainda conhecida, e decorrem "negociações avançadas".
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ECONOMIA FARFETCH
AFarfetch estará a tentar fechar um acordo de resgate antes do fim de semana do Natal para evitar a insolvência, de acordo com o The Times. De acordo com a publicação britânica, há já um comprador, cuja identidade não é ainda conhecida, e decorrem "negociações avançadas".
O acordo poderá fazer com que a Farfetch obtenha 500 milhões de dólares (cerca de 457 milhões de dólares) de fundo de emergência.
A mesma publicação adianta que o acordo até poderá ser anunciado esta segunda-feira, mas também há a possibilidade de as negociações não resultarem e o acordo cair por terra.
Quinze dias passados desde a data prevista, mas cancelada, para apresentação dos resultados trimestrais, o que alarmou o mercado, fonte oficial da Farfetch avançou na semana passada à agência Lusa não haver ainda dia marcado para divulgação das contas.
Após dois anos de lucro em 2021 e 2022, beneficiando do 'boom' do comércio 'online' durante a pandemia, a plataforma de venda de marcas de luxo fundada em 2008 por José Neves - com sede fiscal em Londres e que foi o primeiro "unicórnio" português ('startup' avaliada em mais de mil milhões de euros) -- voltou aos prejuízos nos últimos quatro trimestres.
No segundo trimestre deste ano, a empresa reportou perdas de 258 milhões de euros (281,3 milhões de dólares), face ao lucro de 62 milhões de euros (67,6 milhões de dólares) do período homólogo, tendo as receitas caído para 526 milhões de euros (572 milhões de dólares, face a 579 milhões no período homólogo) e o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) ajustado do grupo piorado para 28 milhões de euros negativos (30,5 milhões de dólares negativos).
A mais recente apresentação de resultados da Farfetch, relativos ao terceiro trimestre deste ano, estava prevista para o passado dia 29 de novembro, altura em que se esperavam também novidades ao nível da estratégia e gestão, mas foi desmarcada pela empresa, que remeteu para "devido tempo" uma atualização ao mercado.
"A empresa espera fornecer uma atualização de mercado no devido tempo", lê-se numa breve nota então divulgada. "Neste momento, não fornecerá quaisquer previsões ou orientações, e quaisquer previsões ou orientações anteriores não deverão ser consideradas confiáveis", acrescenta.
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da Farfetch não apontou uma nova data para apresentação dos resultados trimestrais, reiterando a posição da empresa de "não fazer comentários".
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