Friday, September 4, 2015

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CENSORSHIP IS A BITCH








by the Flipados team  Junho / Julho 2015











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Índice



Capítulo 1 – A censura:

                em termos gerais, historicamente e na internet

Capítulo 2 – The Flipados Team:

                no Photoblog, no Facebook e na Arte

Capítulo 3 – A colagem digital:

                como método artístico escolhido, antecedentes históricos, comparações e                 diferenças










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1) Vivemos tempos muito hipócritas em que os avanços na liberdade são acompanhados de simultâneos retrocessos.

Quando se ganha distanciamento temporal e histórico é mais fácil classificar uma época como libertária ou retrógrada; quando ainda estamos próximos a incoerência parece ser o fator dominante.

Por outro lado, os avanços tecnológicos baralham os dados e apresentam novos desafios…



A censura manifesta-se em todos os aspectos da vida humana: política, religião, opções de relacionamento social e/ou sexual, raça, costumes e negócios.



Em termos políticos, o foco é menos intenso que noutras épocas excetuando os suspeitos do costume: os regimes ditatoriais. Na prática não é bem assim; nos regimes ditos democráticos há toda uma panóplia de mecanismos que levam à censura por hierarquia de poder ou à autocensura para sobrevivência. Nas empresas privadas isto é mais evidente e “aceitável” mas o mesmo se passa nas associações sociais, nos partidos políticos, nas organizações religiosas, etc.

A censura política, sobretudo associada a grandes opções ideológicas, está apesar de tudo em diminuição; entretanto, aparece agora associada a outros factores como a corrupção.



Na área social e sexual temos avanços nos países ditos ocidentais em termos de direitos das minorias, casamento homossexual, etc. em paralelo com práticas ancestrais em países do dito terceiro mundo. No entanto, em termos de consenso teórico global há sintonias, o que sugere que haverá mais vitórias nestas áreas.



Em termos raciais, há consenso teórico e prática menos consensual. Em muitas zonas do mundo, se os conflitos não são exactamente raciais, são de certeza em termos de etnias. E mesmo em países que já se dividiram - aproximando-se mais as fronteiras das nações que os compunham – continuamos a ter convulsões… como se os diferentes níveis de “etnias” e motivos de discórdia fossem “viver do lado oposto da rua”. Em países que têm superior exposição mediática, como por exemplo os Estados Unidos, temos por um lado o primeiro presidente afro-americano e por outro a época de maiores conflitos derivados da atuação policial para com… afro-americanos.



A censura religiosa ficou para o fim. De facto, ao contrário dos séculos mais recentes, a conflitualidade de crenças voltou a agravar-se. Isso manifesta-se diretamente em assuntos claramente religiosos mas também indiretamente em temas do foro social e sexual cujas origens acabam por ser também de influência religiosa. Até na área política há conflitos e censura que é de influência religiosa quando os estados são liderados por chefes religiosos.

Desde Salman Rushdie e “Os Versículos Satânicos”, as bandas desenhadas dinamarquesas e o profeta Maomé… até ao criminoso ataque ao Charlie Hebdo. E por muito que queiramos separar atos de motivação religiosa de atos terroristas, as circunstâncias factuais mostram como estão misturados nos argumentos e justificações. Uma análise da metodologia de recrutamento de novos aderentes ao Estado Islâmico mostra como todo o cariz é religioso.

É: “converta-se, seja muçulmano… deixe de se relacionar com infiéis… venha para a terra prometida”!

Não é: “venha ser terrorista connosco”!



Entretanto, e como exemplo dos avanços tecnológicos que referimos no início, temos a internet. No início foi um campo de liberdade, libertação e anarquia salutar… que levou à convivência do melhor com o pior.

Quem viveu em Portugal na época da liberalização do sinal de rádio… ainda se lembra de programas fabulosos criados nas chamadas “rádios piratas”! Deve ter havido maus programas mas não me lembro porque não os escolhi para ouvir (e esta é uma questão que os censores decidem ignorar… que as pessoas podem escolher). Lembro-me sim dos bons…e alguns deles continuaram depois, já com a rádio regulamentada, e não foram a mesma coisa: não tinham a mesma frescura e espontaneidade.

Com a internet passa-se o mesmo mas à escala planetária. Pode-se encontrar, potencialmente, TUDO! Como cozinhar um pudim ou como construir uma bomba. Com os argumentos do medo e da segurança, os poderes que têm o horror ao vazio (e na altura a internet era o maior local de vazio de poder) decidiram que a internet precisava de ser controlada. Acontece é que ela é uma gigantesca via com dois sentidos, como o caso Wikileaks demonstrou: se a recolha de informação é à escala global também a divulgação de algo incómodo se faz para todos num instante.

Esta fabulosa ferramenta é o novo palco das guerras… globais ou direccionadas, militares, religiosas, políticas.

No entanto, nem sempre as motivações são tão potencialmente grandiosas; as aventuras censórias do Flipados Team foram na internet – mais especificamente – nas redes sociais como veremos no capítulo seguinte. E o pseudo moralismo que foi invocado para os atos censórios não escondia fundamentos políticos ou religiosos; antes disfarçava evidentes interesses económicos.








2) O Flipados Team nasceu na internet em março de 2007, no âmbito de uma plataforma de blogs de fotografia: o Photoblog


O Cabecilha e o americo/AmericA nasceram no mesmo dia


O Flipado deu à net no fim do mesmo mês


A Rozária S. deu-se à luz em maio desse mesmo ano


Como vemos tem direito ao título honorífico “Banned” e só pode ser vista pelos antigos amigos. Os maus dos presidentes do Photoblog não acharam o seu humor susceptível de ser exibido.

Em Setembro de 2014, a bisneta de Rozária, reavivou a sua luta por uma internet inteligente e, usando a sua antiga alcunha Rozette, voltou às lides


Muitas outras personagens nasceram e entraram nestas aventuras com maior ou menor frequência.



Descrevendo agora as partes fundamentais do Photoblog, temos:

- cada personagem/conta pode fazer uma entrada (post) por dia; o post é uma página

- a página tem uma 1ª zona para colocar fotografias, actualmente é entre 1 e 5 no sistema gratuito. Houve alturas no passado que se podia colocar até 20 fotos.

- por baixo de cada foto há uma caixa de texto/legenda e a seguir às fotos há um espaço para um texto mais longo; até aqui é a parte da página a cargo do blogger

- mais abaixo há a 2ª zona da página que é interativa: a secção de comentários; podem ser de outros membros do Photoblog ou do público em geral.

Depois criaram-se outros departamentos do Photoblog como os forums, guestbooks, mensagens privadas e concursos por temas, mas a essência do blog está no que até aqui descrevemos: uma página por dia e por pessoa onde se colocam fotos e texto e depois uma secção onde as pessoas comentam essa fotos.

Nesta época ainda não havia o Facebook e assim o Photoblog podia ter uma função útil de aproximar familiares separados através de imagens da sua vida e férias; na prática isso era marginal, como também era marginal um caso ou outro de imagens comerciais (venda de produtos) ou claramente pornográficas (mais ou menos rapidamente detectadas e excluídas). No geral o Photoblog era uma pasmaceira… aquilo que designávamos como um blog de “flowers and sunsets”!

Um blogger colocava umas fotos de florzinhas e em baixo, na secção de comentários os seus bloggers amigos escreviam “nice photo”… very nice”… etc, etc.

Outro blogger publicava umas fotos do pôr-do-sol e era por sua vez mimoseado com comentários banais e bajuladores.

Poucos participantes tinham um mínimo de jeito para a fotografia dita artística quanto mais para fazer arte.

Os Flipados rapidamente decidiram dar alguma animação à comunidade, começando primeiro pela secção de comentários… e se as flores e fins-de-tarde não tinham ponta por onde se pegasse havia de vez em quando uma imagem ou outra que permitia uma frase mais imaginativa do que o habitual “very nice”.

Mas, claro que nem todos os colegas bloggers tinham o nosso sentido de humor e assim resmungavam algo depreciativo ou, pior ainda, apagavam o nosso comentário! Por vezes encontrávamos alguém combativo que ripostava no nosso blog e assim tínhamos umas batalhas, vulgo ping-pong, entre secções de comentários de vários bloggers! Admito que foi a única coisa divertida dessa fase.

Depois mudamos de estratégia e encontramos a nossa vocação com a recriação da foto-novela para a época digital!

As várias fotografias de um post contavam uma história e as legendas (e o texto) por baixo reforçavam ou iconoclasticamente davam a nossa versão da história. O humor era – como sempre – a nota dominante! Foi a melhor fase do Photoblog para o Flipados Team!

Assim , os comentários tinham hipóteses de ser mais criativos… o que dependia dos outros participantes. Muitas vezes sentimos que estávamos a dar pérolas a porcos… de todas as nacionalidades porque apesar de tudo era uma plataforma internética mundial.

É evidente que – como sempre – tivemos uma minoria inteligente que percebeu e participou com comentários estimulantes.

Depois começaram os problemas: determinada imagem era censurada e retirada porque alguém a tinha denunciado (flagged)… aliás tinham criado um botão com uma bandeira colocada ao lado de toda e qualquer foto para que algum somítico o pudesse usar em iniciativa censória!!! Nos inícios ainda contestamos e às vezes ganhávamos e a situação era reposta… outras vezes mantinham a conta/blog aberto mas só acessível aos amigos… outras vezes acabavam mesmo com a conta… (banned era acrescentado – qual Medalha de Mérito – ao nome do blogue criminoso).

Embora nalguns casos os amigos ainda tivessem acesso ao blog censurado, parte das fotografias tinham sido retiradas e ficava uma história truncada com mais textos e legendas do que imagens!

É evidente que, tendo sido um processo continuado, tivemos tempo para guardar muitas das histórias offline.





imagens de exemplo do photoblog e mais links





Nesta altura (pré-Facebook) ainda os responsáveis do Photoblog apostavam numa venda milionária da plataforma… por isso queriam um local a cumprir as normas familiares à americana! E por mais que nos inícios tivessem prometido a ausência de publicidade nas páginas, as forças de mercado e os custos de servidores impuseram-se. Agora o Photoblog tem publicidade e os anunciantes vão mais facilmente (ou exclusivamente) para sites de cariz “familiar.”



A experiência do Facebook foi similar, salvaguardando as diferenças de formato desta plataforma e as ferramentas específicas, mas a lógica da denúncia era a mesma! O mesmo se diga quanto à motivação dos responsáveis do site em termos de garantia dos conteúdos ditos familiares para satisfação dos anunciantes!

Como no caso do Facebook há mais exposição mediática que no Photoblog, aparecem regularmente notícias de utilizadores censurados que processam a organização do menino Zuckerberg mas certamente sem grande sucesso.

Pela nossa parte éramos regularmente incomodados (suspensos, bloqueados, censurados, banidos e similares) não só pelo conteúdo das publicações mas por suspeitarem que os nossos nomes não eram verdadeiros, exigindo mudança para o nome real, interdição de perfil completo em vez de mera página para casos de empresas, etc. etc.

Realmente é incrível como a nível mundial tanta gente cumpre as normas do Facebook mais respeitosamente que as leis do seu país! E assim, o dito Zuckerberg tem a maior base de dados da humanidade sem trabalho de recolha… os dados são voluntarizados pelos próprios!

Como não somos masoquistas decidimos que era altura de mudar. Ora o BLOGGER/BLOGSPOT tem ao entrar um aviso de blog com conteúdo adulto para não traumatizar as almas sensíveis; e é assim nessa plataforma que continuamos as nossas atividades!















3) A colagem digital, método artístico desenvolvido pelos Flipados, enquadra-se - em termos de história da arte - como a versão mais moderna da tradição da colagem.

Embora associada aos trabalhos dos cubistas, em termos de conteúdo de obras pintadas, facto é que já antes tinham sido feitas colagens em arte: como expressão do movimento dada. Aqui, como manifesto político anti-política as colagens eram de letras e números e monocromáticos… nos cubistas havia cor e imagens. Mas não faltavam letras (vide Entrada de Amadeu de Souza Cardoso).

Ao longo do século evoluiu tanto na pintura como em madeira, a decoupage (como Henri Matisse em azul), a fotomontagem (como Richard Hamilton), a montagem 3D, o mosaico e finalmente a colagem digital (mais associada à vídeo arte e à instalação digital).

A colagem digital dos Flipados é para já associada só à fotografia e mesmo aqui sem recurso aos programas de processamento de imagem. O próprio recorte dos elementos é low-tech, normalmente rectangular ou quadrado sem efeitos de camadas ou transparências.

A maioria do material que integra a exposição “Censorship is a bitch” usa colagens que foram usadas nos blogs (ex: Zette-» the fashion blog) ou faz colagem de fotos que individualmente contaram as histórias do Flipados Team.

A exposição pretende ser a catarse de toda essa época de aventuras foto-literárias e desventuras censórias. Pretende marcar o fim dessa época de ingenuidade em termos de redes sociais e a mudança para a idade adulta na internet… daí a mudança para o BLOGGER/BLOGSPOT que sabe lidar com material adulto.

Há várias pistas para a evolução artística dos Flipados que pode passar pelo vídeo, pps e multimédia, instalações e performance.

Um dos novos caminhos já é apresentado nesta exposição com a série “Free the nipple”: são trabalhos que não nasceram na interactividade dos blogs mas que foram criados offline… o que perdem em espontaneidade e anarquia ganham em organização e profundidade. De facto, cada série corresponde a um tema; todas as obras da série têm um ponto comum visual na repetição de uma imagem que ilustra esse tema (neste caso do lado direito, usando metade da área das obras, temos o logo do movimento Free The Nipple). Depois cada obra individualmente difere do lado esquerdo com imagens e textos que dão uma interpretação específica do tema (em linguagem musical são variações).













Kicking The Donald


Kicking The Donald: LA’s Irreverent Norm Laich

Kicking The Donald: LA’s Irreverent Norm Laich
Norm Laich's faux-promotional poster for Republican presidential candidate Donald Trump.
(Courtesy )

I first encountered the fierce humor of Norm Laich this summer in a group show at Team gallery curated by Amanda Ross-Ho. Laich — who cut his teeth as a professional sign painter — had an entire retail rack of custom-made T-shirts advertising gross-out video and performance artist Paul McCarthy for president. More recently, he designed the faux-promotional poster for Republican front-runner Donald Trump. I reached out to the artist via email to learn a bit more about his background, his thoughts on the current political fiasco, and whether or not he really thinks McCarthy could ever command the Oval Office.
Can you tell me a bit about the two sides of your career in the arts — the commercial side, and the fine art side? How do those two different roles occasionally bleed together?



Norm Laich


I have followed an unplanned path in my art career. I was a sign and billboard painter in Detroit in my 20s, then I moved to Los Angeles and developed a business working for artists — using my sign-painting skills to make art, instead of signs. Early on, I worked for Lawrence Weiner, John Baldessari, Alexis Smith, and Mike Kelley, mostly doing sign painter’s-style hand lettering. An early hero of mine was James Rosenquist, who was a billboard painter in New York, using those skills to make surreal Pop paintings. I compare myself to a studio musician hired to back up a star singer with my instrument — the brush. I started my business in 1985 and I’ve worked for over a hundred artists, from college students to Ed Ruscha. Sometimes people have a hard time introducing me at parties. They say, “Norm is a legendary sign painter” — a contradiction, since most of them are usually anonymous.
Since I used to paint billboards, I have developed a specialty of working for artists who do wall paintings. One artist I’ve done over 25 of these for is Arturo Herrera. I just did one for him at Gladstone Gallery for the “Hello Walls” show. (By the way, working next to Raymond Pettibon there for a few days was an experience!) Following that, I did one of my own wall paintings, titled “Wish You Were Weird,” at Team gallery as part of “Bad Boys Bail Bonds Adopt A Highway,” the show Amanda Ross-Ho curated.
You’ve made a very tongue-in-cheek poster promoting Donald Trump for president. His mouth looks like a bloody guillotine… and I think I see two Target logos in there? How do these specific elements represent The Donald to you?
We are experiencing a very extreme period of right-wing radicalism. White power nationalist types are like cornered dogs snarling in desperation. Trump is a scary clown. In my poster, the clouds form a hard-on phallic shape going up the side of his body. Trump’s mouth is like a garbage disposal that never shuts off. As for the logos: My mom lives across the street from a Target so I’m always seeing the Target
signs and the inherent violence of the symbol pollutes my brain.
Did you watch the first Republican debate on Fox? Besides Trump, which candidates delight you the most in terms of being entertainingly insane?
I saw the “lowlights” of the Fox debate. The pundits say Trump is entertainingly bat-shit crazy and I think the rest of the Dumblicans are terrifyingly bat-shit crazy. Twenty-four million watching that debate and no mention of global warming? A 30-second answer by Scott Walker about the Black Lives Matter movement and that’s it?
I’ll vote for whoever runs against the Republican nominee.
You recently unveiled another politically-themed work: A T-shirt that touted artist Paul McCarthy for president. First of all, where did you source that unbelievable photo of Paul, which looks a bit like a mug shot taken after a very long drug-binge? And what qualities do you think Mr. McCarthy has that would make him a great leader of the free world?
The photo of Paul is by the photographer Grant Mudford. The old avant-garde had an image of an artist being an eccentric, provocative, wild and crazy person and I think Paul was playing up to that stereotype all the way in this photo from the ’80s. Now, people are talking how crazy white right-wing politicians are: Are they the new avant garde? Paul is a very intelligent former UCLA professor but I can’t see him being the leader of the free world. In fact, out of character he’s probably too mellow and laid-back for the job.



Scott Indrisek wearing Norm Laich's Paul McCarthy for President t-shirt, which incorporates a photography of McCarthy by Grant Mudford.

Do you think artists can actually affect change when it comes to current events, politics, or elections? Is satire the best tool for this, in your mind?
The debate about political art is ongoing. The critics of political art say it’s simplistic propaganda. I say we are always being bombarded by simplistic right-wing propaganda so why can’t the side I’m on, the left wing, fire back? I like what the art writer Ben Davis says — to paraphrase, “The only real way to affect change is to get involved in the trenches of grass-root politics” — but I know that’s easier said than done in what seems like extra-stressful times.


Blouin Artinfo